Adoro fazer bolos: escolher os melhores ingredientes, usar as melhores técnicas, desenvolver as melhores receitas, fazer cada bolo a seu tempo, saber que não haverá outro igual e ver os sorrisos de quem se delicia. Para isto, pesquiso e aprendo todos os dias, faço muitas formações, leio muitas revistas e compro demasiados livros. Acredito que podemos sempre evoluir, melhorar.
Sempre gostei muito de fazer bolos. Aprendi a gostar do cheiro natalício da cozinha, dos dedos cobertos de açúcar e canela, do bolo quente a desfazer-se na boca. Gosto de provar sabores novos e tentar descobrir o caminho até eles. Nos raros momentos em que fazemos aquele bolo que está (quase) com o sabor do bolo da nossa infância, com aquele aroma (quase) idêntico ao café da nossa avó, (quase) que fazemos magia. Muito pouco podemos reproduzir que nos transporte para dias felizes, mas a pastelaria tem essa característica muito própria: é uma ciência exacta que apela aos nossos sentidos e tem um significado emocional e diferente para cada um de nós.
Experimentar receitas atrás de receitas, em busca da receita que procuramos, é a transposição do método científico para a nossa cozinha. A combinação dos ingredientes que resulta no bolo perfeito é uma questão química. O bolo que desafia a gravidade é um tratado sobre física. Cada passo pode ser explicado e detalhado. A receita perfeita é aquela que revela todos os processos e através da qual obtemos sempre o mesmo resultado. Aquela segurança de que, quando temos um dia mau, podemos fazer o nosso bolo de chocolate e ele vai ter o mesmo sabor de sempre, aquele que adoramos, aquele que nos reconforta até à última migalha.
Fazer um bolo tem, ainda, uma componente inspiradora: um bolo é feito para celebrar uma data, um dia, uma alegria. É feito para partilhar. É algo que desejamos que seja um reflexo da felicidade que sentimos. A doçura da cobertura, a delícia do recheio e a decadência do chocolate ficam guardadas na nossa recordação e queremos ter a imagem da criança que apaga a vela, sempre, no nosso coração. Por tudo isto sou apaixonada pelos doces, pelos aromas e pelas festas doces. Aqueles detalhes que marcam os nossos dias, os nossos anos.
E porque venho de uma área muito diferente, mas tão importante, que é o mundo das leis, partilho muito sobre as aventuras de ter um pequeno negócio, licenciar cozinhas, segurança alimentar ou gerir o tempo. Adoro partilhar e, por isso, tenho este blog.
Mantenho uma relação vitalícia com a escrita criativa e, mais recentemente, com a fotografia, pelo que tenho tendência para ser (um bocadinho) romântica, (muito) idealista e (demasiado) perfeccionista. Acredito que podemos ter muitas vocações e que, da combinação de todas, nasce a receita perfeita para a felicidade.
You never forget a beautiful thing that you have made, Chef Bugnard said. Even after you eat it, it stays with you – always.
Julia Child, My Life in France