Olá a todos,
Espero que (ainda) não estejam muito zangados com a ausência aqui do blog. Foi um início de ano atribulado para um negócio tão pequeno, cheio de festas e bolos e muitos afazeres e ainda não acalmou!
Antes de mais, estou muito feliz com todos os comentários que têm feito chegar sobre a página nova. Têm sido todos muito efusivos mas, acreditem, eu procuro de forma obsessiva todos os erros que devem estar algures e que não consigo ver! A página tem trazido muito trabalho e muitos contactos novos e fico sempre fascinada com o que recebemos quando nos dispomos a dar aquele “extra mile”.
Tenho continuado com os meus workshops no Sophia Fox Cake Art Studio e tem sido muito engraçado conhecer as boleiras de Portugal e perceber que cada turma nova é mesmo isso: uma turma completamente nova. Cada pessoa com um obstáculo, cada pessoa com uma percepção diferente da nossa mesma realidade. E a realidade do cake design, dos bolos, das festas, tem muitos desafios num país tão pequeno como o nosso. É preciso que todos tenhamos consciência de que somos uma comunidade muito pequena, em que todos se conhecem, em que o mercado, de tão pequeno, nos obriga a conviver e, espero eu, sempre de uma forma pacífica. Estou sempre a falar do mesmo, não é?
E ainda para as minhas boleiras: a pergunta que mais me fazem no workshop de gestão de negócio é se há clientes para este tipo de bolo. Estes bolos são personalizados, implicam um grande dispêndio de tempo e atenção ao pormenor e, para serem bem feitos, obrigam a um grande investimento em termos de formação. Por isso, perguntam-me muitas vezes se há clientes, se as pessoas compram estes bolos ou se não vale sequer a pena investir num negócio que está condenado à partida. Como devem imaginar, eu não acredito nisso. No meu workshop ensino formas de ultrapassar esta sensação de que não existem clientes para este tipo de bolo. E é uma sensação, mais do que uma realidade. Há que ser franca: este tipo de bolo não é apelativo para todas as pessoas, não é em conta para todas as carteiras e, sobretudo, nem todas as pessoas estão sensibilizadas para o tempo que demora fazer um bolo (e explicar isso é obrigação nossa). E não faz mal nenhum: cada pessoa valoriza coisas diferentes, cada pessoa constrói as suas memórias de forma diferente. Existem pessoas que apreciam, que dão valor, que gostam, que pensam de forma similar à nossa e que serão clientes por isso. Existem outras pessoas que não o serão e não faz mal. Não se esqueçam que estamos no negócio de fazer pessoas felizes! Para mim isso é o mais importante e é aquilo que me dá imensa alegria quando planeio um bolo, quando o faço, quando o entrego. Sou feliz quando os clientes ficam felizes e este é um negócio que vive da felicidade das pessoas! E, por isso, não vou convencer alguém que não se interessa minimamente por bolos/comida/festas que ter um bolo personalizado é tão essencial à vida como respirar: não é esse o meu público e não será o vosso! Se querem aprender a procurar o vosso público, então venham daí conhecer-me num próximo workshop!
E, ainda dentro deste tema, mas já passando para outro: este é um negócio que implica muito trabalho. Muito tempo, muita dedicação, muito trabalho. Se procuram uma forma mais fácil de ganhar algum dinheiro ou se acham que trabalhar em casa é super fácil: pensem de novo! É um negócio trabalhoso e muita gente acaba por desistir, o que é normal. Se pensar que “não há clientes para este tipo de produto” é um alívio e uma boa desculpa para não sair do lugar, recomendo a leitura da mestre Michelle Green que tem um post muito duro sobre isto. Podem ficar ligeiramente ofendidos pela leitura deste artigo (ficam avisados) e isso mostrar-vos-à que têm aspectos a melhorar. Coragem! E se chegarem à conclusão que não é isto que querem: não faz mal, sabem? Sejam felizes, seja lá como isso for!
E isto leva-me a outro tema (mas que não é outro, é o mesmo, noutra perspectiva). Muitas vezes me dizem: “não sei como tens tempo para tudo”. Geralmente, as pessoas estão a elogiar, mas sempre que me dizem isto fico triste: porque penso em tudo o que tenho ainda na lista e que nunca mais consigo riscar. A minha lista de tarefas é enorme e nunca diminui, algumas tarefas arrastam-se meses, outras ficam com um “+-” durante semanas. Isto acontece por vários motivos e um deles é eu ser uma excêntrica no que respeita às coisas que posso fazer. Eu convenço-me de que consigo fazer tudo e mais um par de botas. Por vezes corre bem, por vezes corre mal. Este ano decidi ser mais realista quanto ao que posso realmente aceitar, mas isto é um processo, não é só uma decisão. E não corre bem por outro motivo: eu adoro as coisas que faço. Fiz um grande esforço ao longo dos anos, e ainda faço, para ir eliminando as coisas que não gosto de fazer ou que seriam “um frete”. A vida é demasiado curta para passarmos um minuto que seja a fazer algo de que não gostamos. Claro que há limites e há coisas que todos temos de fazer e nem todas são agradáveis. No entanto, no tempo que é vosso: tomem conta dele! Façam dele, efectivamente, tempo vosso! Não se deixem convencer a ir ao teatro se detestam ir ao teatro mas, como toda a gente gosta, lá vão. Se não têm paciência para estar horas a fio de pé num concerto, não se obriguem a isso. Se aquilo que adoram fazer ao fim-de-semana é mesmo ir a todos os concertos, então força. Querem passar todo o tempo com os vossos filhotes? Boa, façam disso a vossa prioridade!
Sermos nós próprios (e aí reside uma grande parcela da nossa felicidade) é algo que exige muito conhecimento sobre o que nos faz mesmo feliz (e não é por oposição àquilo que nos faz infelizes, mas por oposição àquilo que é suposto fazer-nos felizes), mas vale muito a pena. E, como diz a Vânia: tudo é uma escolha! Se escolhem levantar às 6h para fazer exercício, vão ser recompensados com muita saúde (física e mental) e ser felizes à maneira da Vânia. Se escolhem fazer gordices, vão levantar-se às 6h para fazer ganaches e macarons e vão ser felizes à minha maneira, a sonhar com cupcakes. Escolhas. Cada um faz a sua. E não peçam desculpas pelas vossas escolhas: todos os dias somos afectados (às vezes esmagados) pelas escolhas dos outros e temos de as aceitar, por isso façam as vossas escolhas, assumam-nas, sejam crescidos. Serão recompensados muitas e muitas vezes pela vossa honestidade (convosco próprios e com os outros). Todos temos direito a ser quem somos. E há uma tribo, algures, aonde cada um de nós pertence: procurem a vossa!
Finalmente, e como diz a Catarina, o meu dia tem tantas horas como o vosso. Se eu consigo fazer muitas coisas, vocês também. Se não acham que fazem o suficiente, se calhar não estão a fazer o que vos faz feliz! Leiam estes dois artigos da Catarina, primeiro este e depois este, sobre este tema: são mesmo certeiros!
Entretanto, estive em dois eventos do Bloggers’ Camp recentemente: a tertúlia sobre os objectivos para o nosso blog em 2017 e o workshop sobre os media kit. Adorei ambos os eventos e aprendi imenso em ambos e gosto, cada vez mais, da troca sincera de experiências que sempre sinto junto da comunidade blogger: obrigada a todos! Se querem juntar-se, o Bloggers’ Camp deste ano já tem data e inscrições abertas, venham daí!
Deixo-vos aqui alguns dos últimos bolinhos e um pedido: quem quiser agendar para Março, entre em contacto já, que estou a fechar o mês. E para Abril e Maio, entrem em contacto rapidamente, pois já estamos a fechar algumas datas!
Para terminar, o meu prémio Foodelia em Janeiro (a minha luta com a fotografia continua):
Beijinhos a doces a todos (e desculpem o post tão gigante),
Lídia